As atividades motoras, desenvolvidas através de propostas de ensino da Educação Física podem permitir a abertura às experiências dos alunos e uma formação para cidadania, destacando-se, sobretudo, as questões morais, sua prática pedagógica e a forma de conduzir e propor as situações de ensino e aprendizagem por meio das atividades, procurando captar as perspectivas de descoberta através da proposição de conflitos, a tomada de consciência, as relações entre o fazer e compreender (FREIRE, 2002).
Para muitas crianças a aula de Educação Física é o momento mais prazeroso e desejado da rotina escolar, é a oportunidade para o movimento, o grito, o abraço, o entusiasmo, o momento de dispersão. Por estes momentos prazerosos, será que em outras disciplinas também não é possível usar o corpo e o movimento como recurso ou linguagem de comunicação de conteúdos? Talvez o aluno que realmente aprendeu história poderia falar de seus saberes com a linguagem corporal; ou usar a coreografia do movimento, a magia da mímica para explicar teorias... Até quando o encantamento das quadras não pode invadir a sala de aula e os saberes cognitivos serem procurados na quadra? (ANTUNES, 2002).
Talvez ocorra preocupação em saber que as matérias podem se unir, ou se transformar em apenas uma. Isto pode perturbar muitos professores na escola, achando que por causa da interdisciplinaridade o ensinamento não será o mesmo, e nem o aprendizado.
De acordo com Platão, a criança aprende através de jogos: se "ensina(va) matemática às crianças em forma de jogo e preconizava que os primeiros anos das crianças deveriam ser ocupados com os jogos educativos" (AGUIAR, 1998, p.36). A importância da criança aprender com o lúdico é muito bem focado por outros autores, sendo um deles Silva (2005; 2006), que afirma: "A importância dos jogos no desenvolvimento da criança tem que ser enfatizados" (SILVA, 2005, p. 22). É através destes momentos que a Educação Física pode trazer benefícios a estas crianças; uma vez que possibilita o desenvolvimento de habilidades e oportunidade para o aprendizado. Froebel apud AGUIAR (1998, p.36) foi o primeiro pedagogo a "incluir o jogo no sistema educativo, acreditava que a personalidade da criança pode ser aperfeiçoada e enriquecida pelo brinquedo".
Conseqüentemente, as crianças aprendem através do brincar: admirável instrumento para promover a educação, o jogo é um artifício que a natureza encontrou para envolver a criança numa atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. "A criança que joga acaba desenvolvendo suas percepções, sua inteligência, suas tendências à experimentação, seus instintos sociais" (PIAGET, 1972, p. 156).
Os jogos não apenas são uma forma de entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.
A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo por isso, indispensável à pratica educativa. E, pelo fato de o jogo ser um meio tão poderoso para a aprendizagem das crianças que em todo lugar onde se consegue transformar em jogo a iniciação a leitura, ao calculo ou à ortografia, observa-se que as crianças se apaixonam por essas ocupações, geralmente tidas como maçante (AGUIAR, 1998, p.37).
Através da atividade lúdica ocorre um progresso da assimilação a tudo que lhe é passado. Por todos estes motivos que "os jogos fazem parte do universo infantil; são objetos sociais que trazem dentro de si uma infinidade de conteúdos que integram as disciplinas escolares" (AGUIAR, 1998, p.43). Aprender brincando é crescer atuando no desempenho, o jogo é praticamente a vida de uma criança, é fazer com que ela aprenda a viver e a desenvolver seus conhecimentos ensinados3.
Além da EF ajudar a criança dentro da sala de aula, poderá colaborar no desenvolvimento corporal e também no desenvolvimento de relacionamentos mais amigáveis entre professores e alunos. Mesmo que alguns professores não acreditem muito no relacionamento amigável com o aluno, pensando que a seriedade "impõe respeito", a grande dificuldade de certos professores é exatamente incluir o lúdico na sala de aula, pensando que o lúdico não é algo sério, por essa razão o lúdico e a seriedade são colocados em corpos opostos.
Se analisarmos a relação de não-seriedade (e descompromisso) do jogo, isso não significa que o jogo não é sério, pelo contrário, muitas formas de jogo são extremamente sérias: "a seriedade procura excluir o jogo, ao passo que o jogo pode muito bem incluir a seriedade" (GALLARDO, 1998, p.112).
O professor pode adquirir um relacionamento com seu aluno, passando a ser um amigo em todos os momentos. Não adianta o professor somente querer ensinar e esquecer-se de aprender. É preciso procurar saber se algo está errado com a criança; pelo simples fato de ela, na atividade e na execução de um exercício, não conseguir ter a capacidade para realizá-lo (MOREIRA, 2004). Daí a utilização também as propostas das inteligências múltiplas, associadas às características dos jogos e da ludicidade no ambiente escolar.
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