RECREIO ESCOLAR
O artigo de Cruz e Carvalho, 2006, disponível emhttp://www.scielo.br/pdf/cpa/n26/30388.pdf Baseado em pesquisa etnográfica realizada em 2001 numa escola pública de São Paulo.Discorre sobre as relações de gênero entre crianças de 7 a 10 anos, especialmente durante os recreios,interações conflituosas entre os sexos, buscando revelar as múltiplas nuances dos jogos de poder.
O estudo reflete, portanto, um determinado recorte da vivência das relações de gênero entre crianças em um contexto escolar. Apesar de o recreio ter sido o locus principal da observação das interações infantis, houve também entrevistas e acompanhamento em alguns momentos de sala de aula, nas disciplinas de educação artística e educação física, com as crianças de nove e dez anos (3ªs e 4ªs séries).3
Durante o recreio conversávamos com os inspetores de alunos e ao final da pesquisa, também os entrevistamos.A escola pesquisada, localizada na zona oeste da cidade de São Paulo, atendia a cerca de 670 alunos e possuía 40 professores.Nas séries iniciais havia duas turmas por série, com 30 alunos cada, perfazendo um total de 240 crianças.
O grande pátio escolar lembrava um parque, ainda que descuidado. Todo circundado por alambrados, exibia a grama por fazer, algumas cadeiras velhas resultantes da reforma de um anfiteatro, conjunto de elementos que disputavam nossa visão com jardins intercalados de terra batida ou áreas cimentadas.
O trabalho de campo iniciou-se com um mês de visitas semanais sem registros escritos, o que foi uma opção de imersão frente a ambiente tão vasto, diversificado e em constante alteração como era o pátio de recreio. Após este período, houve registros semanais, com exceção das férias do meio de ano. Ao todo foram 28 registros, que priorizaram as ações observadas, mas incluíram também conversas com as crianças sobre os fatos ali vivenciados. Quando possível, seguiam-se determinados grupos e eventualmente, crianças isoladas. Observamos se algumas situações se repetiam, com intuito de verificar se havia uma rotina e se possuíam um significado particular para as crianças.
Agressividade e violência permeiam os conflitos entre seres humanos e não seria diferente entre as crianças, o que tem motivado muitos estudos sobre o desenvolvimento infantil. Nesta análise utilizamos o conceito de conflito como manifestação de interesses diferentes e/ou contrários, em que um dos lados procura superar a resistência do outro visando à realização do seu interesse, quer por meio de cooptação e convencimento, quer pela anulação do interesse do outro.
Enfim, as crianças lidam com modos de viver as relações de gênero que lhes são dados a priori e os recriam de maneira particular, em parte reproduzindo, em parte transformando, vivenciando à sua maneira esse movimento de manter e recriar, que é do conjunto da sociedade. Como parte da sociedade, a escola se constitui num contexto múltiplo e contraditório para as ações individuais, mas nela parecem predominar significados de gênero associados à bi-polaridade, ao antagonismo e à hierarquização.
REFERÊNCIA
CRUZ, Tânia Mara e CARVALHO, Marília Pinto de. Jogos de gênero: o recreio numa escola de ensino fundamental. Cad. Pagu [online]. 2006, n.26, pp. 113-143.
fonte:
http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/9917/recreio-escolar
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